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Validação do Certificado de Calibração

1.0 - Validação de Certificado de Calibração

Depois de qualificar o seu provedor de serviço, vem a realização dos serviços e aí tem uma outra etapa que ainda causa problemas, que é a interpretação do certificado, aprovação e sua consequente validação, caso todos os dados e resultados estejam bons e ou adequados ao seu processo, ou a reprovação deste documento.

1.1 – O que Analisar num Certificado de Calibração?

Um certificado de calibração, precisa conter algumas informações obrigatórias e portanto, necessárias à sua aprovação, por exemplo:

(i) - Um título e um número (este último único, não se pode repetir);

(ii) - Símbolo da acreditação da CGCRE (quando acreditado RBC ou RBLE) ou mesmo uma referência à alguma certificação, por exemplo ISO 9001, ISO 14.000 etc.

(iii) - Dados do cliente, tais como razão social e endereço;

(iv) - Dados do equipamento em calibração, tais como marca, modelo, identificação (número de série ou tag), classe, capacidade, resolução etc.;

(v) - Rastreabilidade ou Padrões Utilizados, com identificação do padrão, empresa que o calibrou (é fundamental que esta seja acreditada RBC e você enxergue o símbolo da CGCRE (RBC) neste certificado, número desse certificado e data da calibração e validade da calibração;

(vi) - Condições ambientais, como temperatura ambiente, a umidade ambiente, e para algumas grandezas (balanças, volume, pressão, força etc.), é necessário também a pressão atmosférica.

(vii) - Procedimento e método de calibração utilizado;

(viii) - Responsável, e data pela calibração;

(ix) - Tabela de resultados, com (VN) Valor Nominal, (VR) Valor de Referência, (VMO) Valor Médio do Objeto, (E) Erro, (U) Incerteza Expandida, (k) Fator de Abrangência e (Veff) Graus de Liberdade Efetivos. Observações, com informações complementares.

(xi) - Assinatura e responsável pelo certificado;

Notas 1:

(i) - Todos os termos ou informações do certificado de calibração, tem que ser compreendidos pelo usuário.

(ii) - Caso haja abreviações tais como (---), (NA), (NE), VR, U, E, k ou Veff, é preciso que se tenha uma legenda para indicar o que significa o termo abreviado.

2.0 – Critério de Aceitação (CA)

Para todo equipamento crítico existente, onde há uma calibração para garantir a qualidade dos resultados, é necessário que se tenha um Critério de Aceitação (CA), para validar o certificado de calibração recebido do seu provedor de serviço. Os dados utilizados nesta etapa são: o Erro (E) e Incerteza Expandida (U), retirados deste certificado.

Uma das maneiras é calcular a Incerteza Resultante (IR), que a soma quadrática do Erro (E) e Incerteza Expandia (U), ou seja, (IR² = E² + U²).

Com base em (IR), e no seu processo, ou seja, no que o processo permite errar numa medição, monta-se qual é o tamanho do (CA) - Critério de Aceitação, mas sempre partindo de um certificado de calibração, pois ali temos os dois parâmetros utilizados para isso, o (Erro e Incerteza Expandida).

2.1 – A validação do Certificado de Calibração

Com o Critério de Aceitação (CA), montado para todos os itens críticos, e por isso foram calibrados, temos duas formas bastantes utilizadas de validação:

2.2 – Regra 1: (CA ≥ IR)

(Esta é regra que recomendamos nos nossos treinamentos metrológicos)

Depois de checar se todos os dados do certificado de calibração recebido externamente estão adequados, ter calculada a (IR), aplicar a regra de decisão (CA ≥ IR) para checar se os (E) Erros e (U) Incerteza Expandida, estão também adequados, então o equipamento está aprovado e pode ser validado.

2.3 – Regra 2: (CA / 3 ≥ IR)

Depois de checar se todos os dados do certificado de calibração recebido externamente estão adequados, ter calculada a (IR), aplicar a regra de decisão (CA ≥ 3 x IR) para checar se os (E) Erros e (U) Incerteza Expandida, também estão adequados, o certificado é consistente, deve ser validado e o equipamento pode ser disponibilizado para uso novamente.

2.4 – Evidência da Validação

Existem formas complicadas, formulários extensos para evidenciar que houve a validação do certificado, mais no âmbito da CGCRE – Coordenação Geral de Acreditação, aceita-se como evidência que esta validação, seja por exemplo, um carimbo na primeira página do certificado do padrão, com os dizeres:

- Validação XYZ Ltda, por exemplo;

- Um traço horizontal, para a rubrica do responsável e,

- Um espaço para a data desta validação).

Esta parte do Sistema da Qualidade, não é normalizado, ou seja, não existe uma norma para regular esta atividade, e talvez por isso vem a complicação e dificuldade de entendimento, por parte dos usuários de calibração.

2.5 – Exemplo Prático – Certificado de Calibrado de Termômetro

Se calibrarmos um termômetro digital e tivermos os dados a seguir, como validar este certificado?

Validação do Certificado de Calibração

Devemos pegar a pior linha do certificado, onde temos o maior (Erro) em módulo e a maior (Incerteza Expandida), mas sempre na mesma linha, no nosso exemplo é a linha do (50 °C), pois se passar na pior linha, as demais passarão também, evitando que façamos muitas contas para isso.

Calcularmos a Incerteza Resultante da pior linha, ou seja:

IR² = E² + U²  >>  IR = RAIZ(- 0,3² + 0,1²)  >> IR = 0,316 °C  >> IR = 0,4°C (Compatibilizado para a quantidade de casas decimais no termômetro, ou seja, (0,1 °C).

2.5.1 - Condição 1:

Se o Critério de Aceitação (CA), for maior do que (0,4°C). O equipamento deve ser validado (colocando o carimbo na primeira página e preencher os campos necessários do carimbo) e o termômetro deve ser disponibilizado para uso.

2.5.2 - Condição 2:

Se o Critério de Aceitação (CA), for menor do que (0,4 °C). O equipamento não vai ser validado, ou seja, será reprovado e, deve ser colocado neste instrumento este status (não aprovado), segregando-o dos demais itens, para ser ajustado quando possível ou até ser descartado.

 2.6 – Como é Montado o Critério de Aceitação (CA)?

 Validação do Certificado de Calibração

Tabela: Critério de Aceitação

Nota 2:  

1 - CA ≥ IR (para ser aprovado).

3.0 – Próxima Calibração

3.1 – Exemplo 1:

Nesta calibração, o termômetro estava na (condição 1), acima, e o Termômetro foi aprovado. Para as próximas calibrações era bom que existisse uma folga, ou seja, o CA ≥ IR, para as próximas calibração. É natural que o (Erro) e a (Incerteza Expandida), aumente com o tempo e, se não houver esta folga, este não atenderá a condição de validação, ou seja, o CA ≥ IR, e este Termômetro pode reprovado, neste caso precisaria ser consertado, ajustado ou descartado.

Nota 3: Calibração Acreditada ou Rastreada

Na “Calibração Acreditada”, o Laboratório que executou esta calibração, é um Laboratório pertencente à RBC – Rede Brasileira de Calibração, tem avaliações periódicas, atende inúmeros documentos da CGCRE – Coordenação Geral de Acreditação, tem sim, muito mais qualidade. Na “Calibração Rastreada”, apenas os padrões utilizados como referência nesta calibração, foram calibrados num laboratório pertencente a RBC.

4.0 – Conclusão

Etapas não cumpridas, ou feitas de forma parcial, certamente gerará problemas, porque o (Erro e Incerteza Expandida) grandes, trarão problemas no momento da validação, quando do recebimento do certificado de calibração. Esta é uma das etapas finais do processo, é aí já se passaram várias etapas, onde poderia ter sido detectado, que o Provedor de Serviços de Calibração, não é adequado às suas necessidades, por não possuir: padrões adequados, competência necessária, planilha de cálculo validada, conhecimento sobre os seus itens críticos, tamanho da incerteza que não passa no seu critério, não possui conhecimento para ajustar erros sistemáticos etc. Tudo isso (padrão, competência, planilha de cálculo, conhecimento etc.,), precisam ser comprovados durante a qualificação e isto é perfeitamente possível, com a qualificação do seus Provedores de Serviços, incluindo aí as calibrações.

Nota 4:

Nesta página tem uma outra reportagem chamada de “Qualificação de Provedor Externo”, ensinado com bastante detalhe, como qualificar um Provedor.

Serviços baratos, tendem causar problemas de toda a sorte antes, durante e depois da execução, principalmente quando você precisa comprovar a rastreabilidade dos seus equipamentos críticos, e garantir que todos estes equipamentos, estejam sobre controle metrológico, certamente se terá dificuldades no momento da validação dos equipamentos, com erros grandes, incerteza expandida ainda maior.

Portanto, qualificar um Provedor Externo, é uma das primeiras etapas para se ter entregas corretas, com boas avaliações destes provedores.

 

Autor: Abdias Barbosa

(i) - Gerente Técnico da ABD Metrologia; (ii) - Avaliador da CGCRE / Inmetro (RBC), para diversas grandezas; (iii) - Consultor para implementação RBC de diversas grandezas (Balança, Peso Padrão, Massa de Peça Diversa, Temperatura e Umidade, Pressão, Vazão, Volume e Massa Específica); (iv) - Consultor para implementação da calibração de novos equipamentos; (v) - Instrutor para assuntos Metrológicos (Cálculo da Incerteza, Interpretação de Certificado, Montagem de Critério de Aceitação, Qualificação de Provedor Externo) etc.

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